O GRUPO


O grupo Trovão das Minas pesquisa há 12 anos o Maracatu Nação, expressão da Cultura Popular Pernambucana. Tendo a percussão como principal elemento musical, o grupo traz para Minas Gerais o contagiante ritmo do Maracatu de Baque Virado, difundindo esta manifestação cultural no Estado.

O Trovão das Minas teve início a partir de oficinas de Maracatu ministradas pelo percussionista Lênis Rino, precursor desta manifestação em Minas Gerais. A princípio, as oficinas aconteciam em diversos espaços culturais da cidade, sendo as primeiras realizadas na Spasso Escola Popular de Circo (1999) e no espaço do grupo Armatrux (2000), se estabelecendo, em 2001 com a inauguração do espaço Gonguê - Cultura Tradição e Arte.

Este espaço, situado no bairro Carlos Prates, surgiu como um centro de percussão e criação musical, tendo como objetivo ser um núcleo de resistência, troca de informações e aperfeiçoamento técnico, proporcionando o estudo e a vivência de manifestações da Cultura Popular. Maracatu de Baque Virado, Tambor de Crioula, Bumba-meu-Boi do Maranhão, Cordel, Literatura e Gravura, Circo, entre outras, foram algumas das expressões desenvolvidas no Gonguê.

Em 2001, Mestres da Cultura Popular Brasileira ministraram oficinas em Belo Horizonte, através do Projeto Raízes da Tradição, idealizado por Lênis Rino e Ana Paula Jones. O projeto possibilitou a vinda de Mestre Walter Luiz de França, da Nação de Maracatu Estrela Brilhante do Recife, despertando interesse especial dos integrantes do Trovão das Minas, que já vinham estudando esta manifestação.

Com a vinda de Mestre Walter, o Trovão das Minas compreendeu a necessidade de buscar a vivência do Maracatu em seu local de origem, Pernambuco. Os integrantes do grupo começaram a pesquisar esta manifestação no Recife, na Nação Estrela Brilhante, participando, anualmente, de seus ensaios, que vão de Setembro até o Carnaval, e das Agremiações Carnavalescas (disputas anuais entre as Nações de Maracatu). Através dos conhecimentos adquiridos nas vivências na cidade do Recife, o Trovão das Minas fortaleceu uma escola de Maracatu em Belo Horizonte, promovendo na região, conhecida por suas tradicionais Guardas de Congo e Moçambique, um intercâmbio cultural num contexto além das montanhas mineiras.

Em seus 12 anos de trajetória, a linguagem musical do grupo vem sendo aprimorada, tendo como base o conhecimento centenário da Nação Estrela Brilhante. Entretanto, desde sua primeira formação, o Trovão mescla elementos da música tradicional do Maracatu com um trabalho de composições próprias.

Alfaia, Caixa, Agbê, Ganzá e Gonguê é a instrumentação tradicional utilizada no Maracatu que, junto com as Loas (canto) e Apito do regente, contagiam o público. Hoje em dia, o Trovão é formado por 20 batuqueiros, como são chamados os percussionistas desta manifestação. Sem a presença de qualquer instrumento harmônico, a música do Trovão das Minas envolve a todos pela força da percussão e das Loas.

O grupo tem participado de momentos importantes da cena musical em Minas, divulgando o Maracatu e promovendo oficinas em diversas cidades do estado, entre elas: Conceição do Mato Dentro, Araxá, Ouro Preto, Mariana, São João Del Rey, Itabirito e Nova Lima. O Trovão também tem promovido, desde sua fundação, oficinas abertas ao público em seu local de ensaio, atualmente acontecem 2 oficinas por semana no Espaço Trampulim, ministradas por Daniela Ramos e Celso Soares.

O Trovão das Minas já contou com a participação especial de importantes músicos mineiros, tais como Titane, Marina Machado, Maurício Tizumba, Sérgio Pererê, Kiko Klaus, Lucas Viotti, tendo também dividido palco com as bandas Zé da Guiomar, Black Sonora, Mundo Livre SA, Cataventoré, Copo Lagoinha, Mestre Ambrósio, Simone Soul e Seu Jorge.

O grupo participa, desde a primeira edição, do Festejo do Tambor Mineiro (2002 a 2011), participou também da festa Tambores de Natal (2004) e da festa Mil Tambores, esta última contou com a participação de ilustres nomes da música popular brasileira, entre eles, Milton Nascimento, Wagner Tiso e Chico César. Todos estes eventos foram idealizados e promovidos pelo músico Maurício Tizumba, referência da música mineira. O Trovão também participou do Festival Internacional de Teatro - FIT BH (2000 e 2002), da 11a Mostra Nacional de Teatro de Araxá (2001), do Festival de Cinema de Tiradentes (2005), da Rota Cultural MBR em Itabirito (2006) e da Conexão Vivo em Belo Horizonte (2010), entre outros expressivos eventos culturais de Minas Gerais.

Com seu trabalho, o Trovão das Minas vem difundindo a importância do Maracatu, sendo o pioneiro deste gênero no Estado, multiplicando o conhecimento, formando batuqueiros e incentivando a criação de diversos grupos deste estilo musical, não só em Minas Gerais, como em outros países do mundo. É o caso do Baque Bamba, em Toronto, no Canadá; Baque Torto, em Bruxelas, na Bélgica; Baque Mandacaru, em Barcelona, na Espanha e Grupo Tamaracá, em Paris, na França. Grupos formados e coordenados no exterior por batuqueiros e batuqueiras, que tiveram no Trovão das Minas sua primeira escola de Maracatu e, hoje, rompem as fronteiras culturais e divulgam esta manifestação da Cultura Popular para o mundo.

O Trovão traz a cultura centenária de Pernambuco como uma novidade para Minas, tendo sido bem recebido não só pelo jovem público mineiro, como também pelas tradicionais Guardas de Congo e Moçambique, já tendo apresentado na Comunidade dos Arturos, de Contagem, com a Guarda Treze de Maio, do bairro Concórdia, e com as Guardas do Bairro Aparecida, ambas em Belo Horizonte.

Atualmente, o Trovão das Minas ensaia no Espaço Trampulim, situado no bairro Jardim América. Em 2009, a direção musical do grupo passa a ser assinada por Celso Soares e Daniela Ramos, que integram o Trovão desde sua primeira formação. Ambos fazem parte da Nação Estrela Brilhante do Recife, desde 2001. O grupo afirma a proposta de preservar as tradições percussivas brasileiras e tem em sua escola o Maracatu de Baque Virado, expressão da cultura afrobrasileira de Pernambuco, mantendo viva a relação com o Maracatu Nação Estrela Brilhante.

Em seu repertório atual, estão as tradicionais Loas do Estrela Brilhante, Toadas de Domínio Público e releituras musicais de alguns importantes compositores mineiros e pernambucanos, entre eles: Maurício Tizumba, Chico Amaral, Flávio Henrique, Lula Queiroga e Silvério Pessoa, sendo planejada a gravação de um CD com faixas inéditas. Nas Loas de sua própria autoria, o Trovão das Minas reverencia a Nação Estrela Brilhante (maior fonte de inspiração do grupo, desde sua fundação, até os dias de hoje), homenageando também o Congo, o Moçambique, o Povo Nagô, o Povo Bantu e muitos outros universos, que permeiam as expressões da identidade e cultura de um povo.

O Trovão das Minas espera, através de suas oficinas, shows e arrastões (cortejos na rua), continuar difundindo e fomentando a Cultura Popular e incentivando o intercâmbio cultural entre a música do Maracatu e das tradicionais Congadas mineiras. Um trabalho que visibiliza e fortalece a Cultura Popular, unindo a riqueza e diversidade cultural da música do Povo Brasileiro.